24/01/2023
Há algum tempo li um texto onde o autor afirmava que todas as pessoas são seu espelho, e que se alguém te machuca é porque você “provocou” o desejo de se machucar…
Em nome da espiritualidade, comportamentos injustificáveis estão sendo justificados e as vítimas estão sendo revitimizadas, perguntando-lhes o que fizeram para “provocar” o comportamento do agressor, assumindo que todo abuso é causado por quem é abusado, e que todo abusador é realmente um professor.
Não é bem assim.
A primeira coisa que temos que entender é que as pessoas agem como agem e são como são, não com base em mim, mas com base nelas mesmas, em suas circunstâncias, em seus impulsos, em seus processos pessoais e em seus sentimentos internos.
Assumir que os outros agem a partir de mim, é anulá-los como indivíduos livres e autônomos, que são como são, porque querem, sentem e DECIDEM ser.
Se alguém é violento ou amoroso comigo, não é necessariamente para “refletir” para mim a violência ou o amor que há em mim, o que me mostra é a violência ou o amor que há nele.
A partir do momento que assumo que sou eu que dou “motivos” ao outro para me violentar, dissolvo a parcela de responsabilidade que recai sobre o agressor, e coloco nas minhas costas pesos que não são da minha responsabilidade.
As pessoas que estão me amando, é porque assim decidiram e porque cultivaram a amorosidade em seu ser.
As pessoas que são violentas comigo, é porque assim decidiram e porque cultivaram a violência em seu ser, e nenhuma dessas duas condições e DECISÕES tem a ver comigo.
O que TEM a ver comigo é a minha decisão de permitir ou não, com base nos meus próprios processos internos.
Vamos assumir a responsabilidade pela nossa cura pessoal, mas também permitir que os outros façam a sua parte.
Blanca Bufk
(Por @despertarodivino)