12/10/2022
O primeiro ponto a se compreender deste processo é o ego, esse personagem fictício com quem você se identifica e que está governando a sua vida. Mas você, consciência, é quem deveria estar no comando da experiência encarnatória. O ego faz com que você acredite que é o personagem cheio de medos, traumas, problemas, desejos insaciáveis e apegos com seus gostos, desgostos, fantasias e histórias. É aquela voz que não cala dentro da sua cabeça reclamando como tudo está errado e como o agora não presta.
O ego/personagem deveria ser uma ferramenta a serviço do ser e não o patrão comandando suas vontades, pois seguirá lhe subjugando e provocando inúmeros problemas e sofrimentos enquanto os papéis estiverem invertidos. Se deseja romper este círculo vicioso precisa se observar verdadeiramente a fim de entender o que é esse ego (me refiro a que cada um observe o seu e não o dos outros, pois já sabemos que é muito fácil ver o cisco no olho alheio ignorando a trave no nosso. ) a fim de entender melhor o papel que ele desempenha na sua vida. O ego, de certa forma, é uma ferramenta necessária para a experimentação da dualidade na terceira dimensão, algo que sua alma desejava ardentemente conhecer, mas que também precisa transcender após seus aprendizados se quiser continuar avançando rumo a outros mundos mais elevados. Nesse sentido, sem que a consciência esteja no controle por conta de um ego desgovernado, não há como dar esse salto evolutivo.
Quando o Ser já experienciou toda a gama de possibilidades e aprendizados que as vivências da terceira dimensão proporcionam, e passa a desejar conscientemente a ascensão a outras dimensões, vá, progressivamente, retirando as funções do ego para ir acessando estados mais iluminados e livres de expressão. Este impulso começa, para muitos, como a sensação de perda de sentido das conquistas materiais e da necessidade de colecionar relacionamentos e experiências sensoriais do mundo externo que mobiliza a maioria das pessoas. Muitas vezes, então, o ser percebe-se num estado de profundo desencanto chamado “noite escura da alma”. Esta desilusão com o mundo exterior precede o fantástico início da inversão de polaridades na consciência, em que o Ser começa a olhar para suas profundezas, seu interior, seu infinito mundo consciencial além das ilusões materiais da terceira dimensão.
Após um longo período de profunda desconexão de “si mesmo”, com nossa alma sufocada e já cansada de buscar satisfação momentânea com coisas que parecem não preencher mais como antes nem trazer sensações de entusiasmo, prazer ou alegria, o Ser passa então a buscar dentro de si e se fazer as perguntas existenciais: quem sou? de onde vim? aonde vou? por quê estou aqui? por quê me sinto assim? existe algo após a morte? o que é o espírito? etc. etc. etc. Passa a prestar mais atenção à sensação de insatisfação e de vazio existencial que estava abafada com tanto barulho e distrações externas a fim de aplacar essa dor da desconexão da própria alma, e começa a se encarar de verdade tentando encontrar as respostas às perguntas que agora gritam dentro de si e que já não consegue calar com substitutos fugazes. O Ser busca em seu interior, tentando acessar experiências mais sutis e desejando alcançar níveis de frequência e de existência mais elevados. É nestes momentos que o reforço da espiritualidade que nos apoia do outro lado se intensifica para nos ajudar a despertar a consciência. Aí começa uma nova etapa: a intensa fase do buscador espiritual num novo impulso para cima e além da vida ordinária que conhecia rumo à transcendência e à ascensão.
Nesta nova energia de expansão é necessário compreender que o ego não foi o vilão da história, ele apenas foi o facilitador das experiências duais que a alma almejava enquanto decidia viver no mundo de ilusões exteriores. Entenda, pois, que o tormento que você sente por conta das escolhas do seu ego, apesar de sua funcionalidade necessária, deve-se a ter lhe cedido cegamente o comando absoluto da maioria dos aspectos da sua vida, e que agora, pouco a pouco, você deverá retomar para si a fim de se encontrar e atingir essas novas etapas que sua alma deseja.
Quando a essência recupera o controle por meio do seu esforço e dedicação consistente em se autoconhecer de forma honesta e sem desculpas, torna-se capaz de escolher o que pensar, sentir, fazer e cocriar, e começa o verdadeiro trabalho de reforma íntima. Aos poucos vai aprendendo a permanecer alerta, e lentamente vai se desapegando das histórias que o ego lhe conta sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo. Nesse novo estado de lucidez e observação atenta, o domínio do ego diminui e a consciência e as verdadeiras descobertas espirituais sobre a natureza da realidade se manifestam. Nestes momentos, apelando ao estado de presença e com a ajuda da sua versão espiritual mais elevada, seu ego passará a se comportar e obedecer às diretrizes do verdadeiro comandante: seu EU SUPERIOR, a parte mais elevada e iluminada de si mesmo que já existe além da ilusão… e essa é a boa notícia escondida por trás do desencanto com o mundo exterior. Agora, por fim, você está no leme como capitão, e o ego se transforma em obediente marinheiro acatando seu comando.
Samantha Iara Concolino
Assê
adavai@me.com – www.adavai.wordpress.com
(Transcrito da página de Sónia Robalo)