17/09/2020
Ivete Adavaí
Parece um paradoxo estarmos vivendo em uma época tão voltada para a informação devido ao aumento dos meios de comunicação nesta chamada Era Digital, mas, ao mesmo tempo, nos depararmos com diversos pontos de vista, opiniões, crenças, ideias, suspeitas, condicionamentos limitantes, invencionices, conceitos inapropriados, que nos fazem sentir como se estivéssemos em um manicômio global.
É bem verdade que vivemos em uma ilusão tridimensional, construída para que pudéssemos fazer parte do jogo da dualidade, sem que nos lembrássemos de quem realmente somos, a fim de experimentarmos os resultados das nossas criações, sem prejuízo de fraudarmos as regras do jogo, que deve ser jogado na inconsciência, para cumprir sua finalidade.
No entanto, como tudo que é dual, chegamos a um impasse severo em que se jogam os dados e vale tudo…ou nada! Surpreendo-me ao perceber uma espécie de loucura coletiva em que as pessoas, no afã de se sentirem seguras, buscam soluções que beiram o nonsense. Tudo bem que muita coisa esteja vindo à tona nos últimos tempos, que exista muita sordidez ligada ao comportamento humano, desde priscas eras, e que não tem diminuído com a sofisticação da chamada civilização. Pelo contrário, a impressão que se tem é de que tudo tem piorado, quando, na verdade, se trata do fato de que os meios de comunicação vêm cumprindo com mais eficiência o seu papel em nível global.
As pessoas parecem necessitar de âncoras para se estabilizarem, daí passam a valorizar questões que nem ao menos lhes dizem respeito, aspectos da realidade são levados a uma análise absurda e inútil, na tentativa de calar a voz dos seus medos, conforme buscam pistas que lhes assegurem de que estão com a razão, perdendo a perspectiva porque se prendem aos detalhes.
Percebo o desperdício de tempo e energia nisso tudo, em vez de um empenho sério e resoluto em voltar-se para dentro de si mesmos e encontrar ali a derradeira verdade de cada um, porque quanto mais se busca lá fora, mais se perde a verdadeira essência.
Com a chamada pandemia, o mundo enlouqueceu um pouco mais em muitos sentidos. Faltam coerência, sensatez, reflexão, divulga-se tudo o que se ouve, sem que haja, no mínimo, uma ligeira análise, que poderia refutar a veracidade daquilo que parece um fato consolidado, em que conceitos opostos são defendidos como únicos e verazes. A vergonha ou a culpa de se disseminar mentiras parece não existir mais, e, em seu lugar instalou-se, não um pedido de desculpas sincero, mas sim, um jogo de palavras na tentativa de demonstrar que se está certo, mesmo que os fatos provem o contrário. É como se estivéssemos experimentando uma dissonância cognitiva geral e irrestrita e que até nos surpreendemos quando conseguimos trocar algumas palavras com um interlocutor, sem maiores discussões. A verdade de cada um está sendo levada às últimas consequências, à medida que se tenta o equilíbrio em meio ao caos instalado. Haja saúde mental para garantir minimamente a harmonia necessária para que não fiquemos à deriva, em um momento quando tudo que precisamos é estar unidos, sem, contudo, perdermos a individualidade.
Nossa civilização está agonizante, enquanto novos começos acenam, chamando-nos para que participemos de uma outra rodada de experiências nesta interminável escalada da evolução. Que venha o novo, porque o velho já não tem mais condições de perdurar, e que o nosso verdadeiro ser desabroche por completo para que tenhamos um refrigério em nossas almas, indicando que cumprimos a nossa parte ao vir à Terra neste momento tão magnífico quanto estonteante.
O ancoramento é interno para não sermos levados pela onda da insanidade coletiva. Fé, confiança e centramento. Não podemos nos dispersar de nós mesmos. Não agora! Que a coragem e a paciência sejam nossas parceiras neste momento tão delicado. Avante companheiros de jornada! Estamos juntos, apesar das aparências.
Ivete Adavaí