“Você nunca muda as coisas lutando com a realidade existente. Para mudar algo, construa um novo modelo que torne obsoleto o modelo existente.”
Buckminster Fuller.
Há uma inquietação no ar, uma profunda sensação de descontentamento, um anseio por algo mais profundo, mais compensador e mais significativo. A mudança está no horizonte e a magnitude dessa mudança está se tornando mais visível. Nossas finanças estão ameaçadas, nossas estruturas estão oscilando ao nosso redor e sob nós. A integridade de nossas autoridades e instituições é questionável. A desconfiança está sendo disseminada. A conscientização está crescendo.
Há uma revolução no ar. As pessoas querem mudança. As pessoas precisam de mudança. A vida que estamos vivendo não se sustenta mais. Não pode continuar. Sabemos para onde está indo.
As mudanças necessárias estão em todos os níveis da nossa existência: emocional, espiritual, mental e físico. Nós, humanos, precisamos desesperadamente transformar o modo como nos apresentamos no mundo. Precisamos despertar para a dor e o sofrimento, as distorções e as inverdades; despertar para quem somos realmente, perceber quão longe estamos de viver em alinhamento com essa verdade e, então, começar um processo de transformação interior. Uma transformação total é necessária e essa transformação só pode ocorrer dentro de cada um de nós.
Conforme despertamos para as atrocidades em nosso mundo, pode ser natural dirigir nossa atenção para as autoridades, a fim de que elas façam algo, porque foi desse jeito que aprendemos a fazer as coisas. Mas, isso não vai ajudar. Os protestos não criarão mudanças duradouras. A guerra não é a resposta. Não podemos lutar com a estrutura existente para criar as mudanças. Esse não é o caminho que temos que seguir.
O que precisamos é de uma revolução silenciosa; uma revolução que aconteça dentro de cada um de nós; uma libertação de tudo o que pensamos que aprendemos acerca de nossa jornada terrena; uma libertação do passado, e com isso, uma libertação do futuro terrível com que estamos nos defrontando – o futuro que já está acontecendo. A revolução está ocorrendo cada vez que uma mãe faz o que natural e põe seu bebê faminto no peito, seja em um restaurante ou na rua, ignorando os julgamentos criados por leis e valores distorcidos. Está acontecendo cada vez que nos conectamos a outro ser humano de uma forma emocionalmente aceita, centrados no coração. Está acontecendo toda vez que alguém decide acreditar em sua orientação interna e seguir o seu coração, não sendo limitado pelas crenças mentais.
É fácil acreditar que mudamos o mundo, ao derrotarmos o sistema ou lutar pelas coisas que acreditamos que deveriam ser diferentes, mas, as mudanças maiores e mais significativas realmente acontecem no indivíduo, conforme nos curamos e encontramos nossa conexão com a nossa orientação interna e a seguimos, quando cessamos de permitir que nossas mentes nos dirijam, quando escolhemos o amor ao invés do medo, e construímos uma vida significativa para nós mesmos, e quando aprendemos a acolher nossas emoções e poder estar presentes para os demais em suas vidas.
Muitos de nós vivemos vidas divididas. Muitos de nós aprendemos a nos adaptar às expectativas dos outros, reprimir nosso eu natural e criar versões externas de nós mesmos para o mundo externo. Aprendemos a trocar nossos sonhos por nossas opções e potencial para a segurança. Quando nos conformamos a uma realidade que não está alinhada com a nossa natureza autêntica, estamos nos isolando da própria capacidade de experimentar a profundidade do significado e da realização que a vida tem a oferecer. Estamos nos afastando de uma sensação de amor e aceitação, enquanto empreendemos a jornada pela vida, e, em vez disso, sentimos um vazio interior. Sob as fachadas que criamos, há um outro lado nosso, reservado principalmente para aqueles mais próximos. Essa é aquela nossa parte segura o suficiente para relaxar e ser receptiva, sem a necessidade de esconder nada. À medida que removemos as camadas de nossa realidade herdada, abrimos mão do condicionamento e abraçamos nossa natureza autêntica, abrimos espaço para que essa parte nossa cresça e prospere.
Há um chamado profundo para trazer à superfície nossos verdadeiros e autênticos eus, para nos acolhermos e nos amarmos o suficiente a fim de ousar compartilhar o que somos com os outros em nossa verdade autêntica. Há um chamado para que possamos fundir nosso eu interno e externo, para nos tornar pais de nós mesmos, para encontrar nossa sensação de segurança internamente, de modo que não nos adaptemos à nossa realidade externa, mas que produzamos ondulações de mudanças a partir de dentro de nossa natureza autêntica e única. Porque cada um de nós possui um papel no novo modelo emergente da realidade que só pode ser encontrado nas profundezas do nosso ser.
O novo modelo da realidade não é linear, não vai oferecer a sensação de consistência e segurança que a velha estrutura certa vez fez. A nova estrutura prospera na diversidade e flui com a natureza em vez de ir contra ela. Emerge de dentro de cada um de nós, e, à medida que nos manifestamos no mundo, isso revela como estamos interconectados. O novo modelo de realidade exige que tenhamos fé em nós mesmos, que confiemos o esquema maior das coisas às forças que estão além da nossa compreensão. Pede-nos que nos amemos e a nossas diferenças, que acolhamos nossa singularidade e acessemos o caminho que está nos esperando.
A revolução que este mundo precisa é silenciosa. Estamos construindo um novo modelo de realidade que, no final das contas, tornará o antigo obsoleto. Confiem no que está surgindo dentro de vocês! O seu coração sabe!
Jennifer Langstone
Tradução de Ivete Brito – adavai@me.com – www.adavai.wordpress.com