OPRESSOR E OPRIMIDO INTERNOS – 15/06/2012

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(Por Ivete Adavaí)

Às vezes pensamos na dicotomia opressor/oprimido considerando-a externamente, como se tratando de pessoas que desempenham este ou aquele papel. No entanto, deixamos de perceber que é internamente que existe tal dicotomia e é exatamente isso que atrai o opressor ou oprimido externos.

Senão, vejamos, quantas vezes fazemos o papel de opressor com nós mesmos pelo simples fato de não nos tratarmos com a gentileza apropriada, com os  modos que gostamos de ser tratados pelos outros, e até os tratamos, mas quando se refere a nós, parece que nos esquecemos de também utilizar o bom senso e a mesma delicadeza.

O nosso corpo físico é um grande exemplo disso, é uma tecla em que eu estou sempre batendo, porque parece que as pessoas ainda não se deram conta de como são responsáveis pelo próprio bem-estar. Então, se entregam aos inúmeros profissionais da cura, delegando a eles uma tarefa que é nossa. Depois, reclamam da falta de atenção, da grosseria e do mercenarismo desses profissionais, se esquecendo de que deram a deixa para serem tratados assim, na medida em que outorgam a eles um direito que é apenas seu, como dono e administrador do seu corpo.

Em se tratando dos aspectos emocionais, então, a situação parece se complicar mais ainda, porque as pessoas parecem querer fórmulas para aplicação imediata, com resultados instantâneos  e não querem se dar ao mínimo trabalho de refletir, considerar, gastar tempo com suas questões. Assim, realmente, fica difícil chegar-se a um bom termo no que se refere à saúde integral, quando o principal responsável não quer saber de dedicar-se à busca de soluções reais.

Acredito que o interesse que se tem em querer levar uma vida agradável, alegre e saudável, tenha a ver com gostar de si mesmo. Eu, cada vez mais gosto de mim. Certa vez, li um livro que recomendava que nos apaixonássemos por nós mesmos. Na época, eu achei muito difícil e quase um despropósito fazer essa tentativa. Hoje, eu acho tão fácil, tão fluente e tão gostoso ser quem sou e me amar, conforme o faço. Isso é muito interessante, dá-nos uma sensação de bem-estar, plenitude, contentamento. Parece que começo a compreender o que é ser mestre se mim mesma. Deve ser isso, ou pelo menos, o começo disso. O mundo pode estar desabando e eu me sinto, dentro de mim, em paz, serena. Cada vez as pessoas me atingem menos.

Às vezes, tomo algumas atitudes, porque o ego não está morto, apenas sendo domesticado, e, neste mundo de terceira dimensão, ainda somos alvos de situações desagradáveis, que atraímos com algum bom  motivo. E se não nos colocarmos com firmeza, poderemos ser atropelados. Mas essa não é a regra, é a exceção, e espero que, muito em breve, deixe de existir tal necessidade de imposição, quando a humanidade estiver mais consciente e confiante de sua sacralidade e importância diante do universo.

Outro aspecto que contribui para sermos o opressor de nós mesmos é a falta de perdão, tanto a si quanto aos outros. O meu atual conceito de perdão é muito funcional. Eu simplesmente não quero me manter amarrada a laços disfuncionais, porque teimo em não conceder o perdão a quem me ofendeu, maltratou ou me incomodou de alguma forma. Eu quero mais é perdoar, liberar a energia impactada, para que eu viva e deixe viver bem quem quiser fazê-lo. Sinto-me bem com a aquisição de mais essa ferramenta, que me liberta completamente das amarras e algemas que poderiam atrapalhar o meu caminhar.

Por tudo isso que citei, acredito que possamos, com um pouco de esforço, modificar essa dicotomia interna com relação a ser opressor/oprimido de nós mesmos e procurar estabelecer a harmonia interna, participando de todas as categorias da nossa vida, como autores verdadeiros, e não como meros coadjuvantes daquilo que é nosso e que nos foi concedido como uma dádiva, para que cuidássemos em toda plenitude, com a devida propriedade que a concessão  merece.

Ivete Adavaí – 15/06/2012